Recentemente, uma cena inusitada chamou a atenção durante um debate entre candidatos à Prefeitura de São Paulo: um candidato arremessou uma cadeira em direção ao adversário. O ato, de pura agressividade, levanta questões sobre as causas de comportamentos tão intempestivos. Estaria esse comportamento relacionado à maturidade, conhecimento ou aos valores do indivíduo? Provavelmente, não. Especialistas apontam que reações como essa podem ter origem em traumas não resolvidos.

Na psicologia, há um conceito conhecido como “elástico psicológico”, que descreve o fenômeno em que uma pessoa é “jogada” de volta a uma experiência traumática do passado. Nesse momento de regressão, o adulto se vê totalmente dominado pelas emoções e situações que viveu anteriormente, sem controle sobre suas reações no presente. Dessa forma, o trauma do passado contamina o indivíduo, gerando comportamentos impulsivos, desproporcionais e, muitas vezes, destrutivos.

A relevância de se entender e tratar traumas é evidente em diversas esferas da vida. Um exemplo comum pode ser observado em um palestrante, que apesar de todo o preparo técnico e conhecimento, subitamente se vê incapaz de seguir com a apresentação. Esse bloqueio pode ser a manifestação de uma crítica recebida na infância, de um parente que desdenhou de sua performance. Da mesma forma, que em uma briga de trânsito, uma pessoa calma, sem históricos de agressão, pode desencadear um comportamento agressivo, gerado por traumas passados, com consequências irreversíveis.

Esses casos mostram como as experiências na infância podem impactar a vida adulta de forma intensa e inesperada. Os sentimentos de frustração e impotência daquela época emergiram de maneira avassaladora e sem controle. O passado, quando não compreendido e tratado, pode ser um fator determinante para atitudes destrutivas, tanto para o próprio indivíduo quanto para aqueles ao seu redor. Portanto, o reconhecimento e a busca por tratamento de traumas são essenciais para evitar que episódios antigos interfiram negativamente no presente.

*Por Dr. Roberto Shinyashiki
Psicoterapeuta