Nas margens da represa Guarapiranga, a ex-diarista Tereza Bittencourt, 61 anos, dá passos tímidos rumo à reabilitação. Meses atrás, ela não conseguia nem levantar da cama. Hoje, já consegue passear pelos jardins do Hospital Municipal de Guarapiranga, focado no tratamento de retaguarda e longa permanência para pacientes com doenças crônicas. Internada há cerca de um ano para tratar problemas na medula e na lombar, Tereza inicialmente havia dado entrada no Hospital M’Boi Mirim, Zona Sul de São Paulo. “Fui para lá passando mal e me informaram que eu precisaria ir para um hospital de longa permanência porque o tratamento seria demorado e eles não tinham a infraestrutura adequada para me atender. Eu precisava de reabilitação. Cheguei sem conseguir andar, usando fraldas. Todos os problemas que eu tenho a nível de saúde estão sendo tratados. Tenho uma equipe muito boa cuidando de mim. Estou melhorando muito e começando a caminhar com a ajuda de uma muleta. Aqui é um lugar maravilhoso que dá toda a estrutura para desenvolver a parte de fisioterapia. Eu sei que em nenhum outro hospital eu encontraria o nível de qualidade que tenho aqui”, opina. Esta já é a segunda estadia de Tereza no hospital. Ela havia sido internada quando o espaço era utilizado como um hospital de campanha para tratar casos de Covid-19, durante a pandemia. 

Tereza Bittencourt - Hospital Municipal de Guarapiranga

Tereza com seu fisioterapeuta no jardim do hospital

Com o retorno ocasionado pelo problema na medula, ela se somou aos mais de 150 pacientes internados no Hospital Municipal de Guarapiranga, que oferece cuidados prolongados para pacientes adultos e pediátricos. Os encaminhamentos ao hospital são feitos pela rede pública de saúde, após o preenchimento de um formulário de solicitação. A instituição surgiu para amparar pessoas com condições de saúde que não precisam de tratamento médico específico, mas de cuidados e reabilitação. Tereza revela que não sabe como estaria sua vida se não tivesse sido amparada pelo hospital. Ela afirma que não tem condições de morar sozinha, por razões de saúde e financeiras, e também não possui familiares que possam auxiliá-la. “Por causa da minha profissão, desenvolvi uma série de problemas de saúde na perna e na coluna. Consegui passar em uma perícia do INSS e me deram o benefício porque não tinha mais condições de trabalhar. Eu vivo sozinha, não tenho como sobreviver e me cuidar somente com o que eu recebo. Se não estivesse aqui, não teria condições de fazer nada porque não teria cobertura financeira para todas as minhas necessidades. Não sei o que aconteceria comigo se não fosse o hospital. Eu estou me empenhando para melhorar cada vez mais. Os profissionais do hospital são a família que eu não tenho, me dando todo o amparo e carinho. Sei que não encontraria isso em nenhum outro lugar”, declara.

Localizado na Riviera paulista, o hospital utiliza a medicina integrativa para reabilitar pacientes que necessitam de cuidados prolongados e que não podem ser atendidos por unidades tradicionais de saúde. A maioria dos pacientes da instituição são pessoas acamadas com alguma lesão, principalmente com sequelas de Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou pós-Covid. Entre os pediátricos, as condições mais comuns são paralisia cerebral ou algum tipo de síndrome. Além da atenção médica, o trabalho também conta com atendimento social e acompanhamento psicológico. Segundo os diretores da instituição, muitas das pessoas que buscam o local não possuem família para ajudar no cuidado com a saúde e alguns nem mesmo possuíam identificação antes de chegarem ao hospital. Atualmente, o local conta com 168 pacientes em tratamento, com ocupação de cerca de 90% dos leitos.