Caro leitor, você já ouviu falar no TDAH? E no TDAH em adultos? Tem algum familiar ou amigo que tenha este diagnóstico? Vou explicar a você alguns aspectos importantes sobre esta condição. Até a década de 1980, os pesquisadores e clínicos da área da saúde mental acreditavam que esta condição era superada na adolescência, justamente porque havia uma ênfase nos sintomas hiperativos, os mais observáveis durante a infância (a agitação e a inquietude características das crianças pequenas), e que, na adolescência deixavam de existir.

Esta hipótese foi superada e atualmente este transtorno é diagnosticado em pessoas adultas. O TDAH aparece em todas as etnias, nacionalidades, grupos socioeconômicos e a prevalência na população mundial varia de 5% a 8%. Dos casos diagnosticados na infância, 60% a 70% persistem na vida adulta, e os sintomas se modificam. Prejuízo é um aspecto fundamental para diagnosticar o TDAH em qualquer fase da vida.

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Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM – 5, o TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento, ocorre em grande parte por causas genéticas, em 74% dos casos, e neurológicas, e provoca um atraso no desenvolvimento e na aquisição de habilidades mentais específicas, relacionadas ao planejamento e execução de tarefas, bem como ao autocontrole. Este transtorno é definido por níveis prejudiciais de desatenção, desorganização e ou hiperatividade impulsividade, que acarretam prejuízos no funcionamento pessoal, social, acadêmico ou profissional. Os sintomas devem estar presentes antes dos 12 anos de idade. 

O diagnóstico é feito por psiquiatras, neurologistas, através da entrevista clínica, dos resultados de testes neuropsicológicos, coleta de relatos sobre a infância e adolescência, as queixas atuais e os prejuízos funcionais nas várias áreas da vida. Medicamentos para o TDAH podem ser uma opção proposta pelos médicos para o tratamento, auxiliam na redução dos sintomas comportamentais como também colaboram para a regulação emocional.

Nos adultos o TDAH é comumente um transtorno “camuflado”, uma vez que os sintomas confundem-se facilmente com características associadas a outros transtornos, tais como ansiedade, depressão, ou abuso de substâncias. Programas de Terapia Cognitivo Comportamental são uma opção para o enfrentamento dos déficits e prejuízos deste transtorno. O intuito da psicoterapia é aliviar o sofrimento dos pacientes e, para isso, o indivíduo precisa compreender sua condição, fazer as pazes com seu diagnóstico e se comprometer com o tratamento e com as suas metas e objetivos de vida.

Confira alguns dos sintomas do TDAH na vida adulta:

Desatenção: divagação mental, dificuldade de persistir em atividades, dificuldade de manter o foco e a concentração em tarefas ou ao contrário, foco excessivo (hiperfoco), distração constante, aborrecimento fácil com tarefas tediosas, perda frequente de objetos, esquecimento de tarefas, compromissos e prazos, descontrole financeiro, descuido com a saúde (exercícios, dieta, controle do peso).

Hiperatividade/Impulsividade: inquietude, agitação mental, impaciência constante, agitação motora, energia excessiva. Age antes de pensar, dificuldade de esperar a sua vez, interrompe os outros, dificuldade de esperar a recompensa/gratificação, baixa tolerância à frustração, incapaz de prever as consequências de seus comportamentos impulsivos no longo prazo, desorganização, dificuldades financeiras, dificuldades em priorizar as tarefas urgentes e importantes, mudanças repentinas de humor, dificuldades  em lidar com o estresse e se autorregular, dificuldade de planejar suas atividades no tempo, procrastinação.

*Por Marta LenciCRP: 06/116553
Psicóloga clínica, formada pela Universidade de São Paulo, com especialização em Terapia Cognitiva Comportamental e Pós-Graduação em Terapia do Esquema