Regulador que assumiu banco falido está oferecendo salário 1,5 vezes maior para esses dias de trabalho. Instituição financeira fundada em 1980 concedia empréstimos a startups. Silicon Valley Bank, banco financiador de startups, quebra nos EUA
Reuters
Funcionários do Silicon Valley Bank, banco financiador de startups que quebrou nos EUA, receberam uma proposta para trabalharem por 45 dias de trabalho por 1,5 vezes o salário.
A oferta foi feita pelo Federal Deposit Insurance Corp (FIDC), regulador que assumiu o controle do banco falido na sexta-feira (10), de acordo com um e-mail que a Reuters teve acesso, cujo assunto era “Retenção de funcionários”.
Silicon Valley Bank: reguladores assumiram banco
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Os trabalhadores devem receber mais informações no fim de semana pelo FDIC. Já os detalhes sobre os planos de saúde serão fornecidos pela controladora SVB Financial Group SIVB.
A SVB contava com 8.528 funcionários no final do ano passado.
Os funcionários foram instruídos a continuar trabalhando de forma remota, exceto trabalhadores essenciais e funcionários das filiais.
O FDIC não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da Reuters.
O que aconteceu
Autoridades americanas anunciaram na sexta-feira (10) que encerraram as atividades do Silicon Valley Bank (SVB), um banco que trabalha apoiando o setor tecnológico. Ele foi criado em 1983 e fornecia crédito a várias startups.
De acordo com o “The Wall Street Journal”, essa foi a segunda maior falência bancária da história dos Estados Unidos. Além disso, a instituição é a maior a quebrar desde o colapso no sistema financeiro americano em 2008, que, à época, gerou uma crise mundial.
O Silicon Valley Bank tinha cerca de US$ 209 bilhões em ativos até o fim de 2022, o que o tornava o 16º maior banco dos EUA, segundo o Federal Reserve – o banco central norte-americano.
Especialistas em economia dos EUA afirmam não acreditar que a falência do SVB cause um efeito dominó semelhante ao que levou à crise financeira de 2008.
No entanto, os especialistas avaliam que instituições financeiras menores, fortemente ligadas a criptomoedas, por exemplo, podem enfrentar dificuldades nas próximas semanas.
A imprensa americana relata que os investidores estão preocupados com bancos que possuem o mesmo perfil que o SVB. Essas instituições financeiras estão vendo as ações caírem rapidamente nos últimos dias.
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Por que o SVB quebrou?
A mídia americana relata que um dos fatores que resultou na falência do SVB é o aumento na taxa de juros dos EUA, que passou de 0,25%, em 2020, para 4,75%, em fevereiro deste ano.
O banco atendia principalmente startups e financiadores. Como o setor de tecnologia começou a desacelerar nos últimos meses, com os constantes aumentos na taxa de juros para frear a inflação, as empresas atendidas pelo SVB começaram a retirar dinheiro mais rápido do que o esperado.
Além da queda nos recursos, o SVB também viu novos investimentos minguarem. Com isso, o banco foi ficando sem dinheiro.
Para piorar a situação, o banco havia realizado uma série de investimentos no Tesouro dos EUA e em títulos de dívida pública ligados ao governo. Com o aumento da taxa de juros, os valores desses títulos foi caindo.
A imprensa americana relatou que, na quarta-feira (6), o SVB anunciou a venda de diversos títulos com prejuízo.
Em uma tentativa de equilibrar as contas, o SVB afirmou que venderia US$ 2,25 bilhões em novas ações. Entretanto, o anúncio gerou pânico em empresas de capital de risco, fazendo com que investidores retirassem dinheiro do banco.
Na quinta-feira (9), o presidente-executivo do banco, Greg Becker, pediu para os clientes manterem a calma. No entanto, muitos investidores não confiaram no pedido de Becker, e as ações despencaram 60%, fazendo o SVB perder quase US$ 10 bilhões, segundo a Bloomberg.
De acordo com a imprensa americana, houve uma corrida entre investidores para a retirada de dinheiro do banco nas últimas 48 horas, tornando o SVB praticamente insolvente.
Os índices de Wall Street caíram nesta sexta, com investidores estressados sobre a saúde dos bancos dos EUA. A Nasdaq fechou em queda de 1,76%. Já o índice Dow Jones recuou 1,07%.
No Brasil, o Ibovespa fechou em queda de 1,38%.
Banco para inovação
Segundo o “The New York Times”, o banco se apresentava como “parceiro para a economia da inovação”, mas passou a tomar decisões consideradas “antiquadas”.
O Valley Bank é a primeira instituição a falhar este ano segurada pela Federal Deposit Insurance Corp (FDIC), órgão regulador do governo norte-americano. A Almena State Bank, no Kansas, foi a última instituição segurada pelo FDIC fechada, em 23 de outubro de 2020.
O escritório principal e todas as filiais do Silicon Valley Bank reabrirá em 13 de março, e todos os depositantes segurados terão acesso total aos seus depósitos, disse o FDIC.
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